Pedra de anel romana com a representação de Minerva
A pedra de anel achada em Águas Belas é um interessante testemunho, cultural e religioso, da difusão dos valores romanos na Lusitânia. A sua gravação representa Minerva, tornada símbolo do Museu Municipal de Coruche.
Deusa romana de origem etrusca, Minerva integrava, com Júpiter e Juno, a Tríade capitolina, protetora suprema dos Romanos, cujo templo principal se levantava em Roma na colina do Capitólio. Com a influência crescente do Helenismo os Romanos identificaram Minerva com a deusa grega Atena, o que levou a alargar a sua função protetora dos artesãos, dos trabalhadores manuais e dos médicos a símbolo do conhecimento e da sabedoria.
Minerva era também uma deusa guerreira, por isso representada com armas, protetora das causas esclarecidas e da luta da Civilização contra a barbárie, faceta particularmente privilegiada pelo poder imperial romano.
Associada a Coruche, um território de sólidas tradições agrícolas e onde uma etimologia fantasista fez introduzir no brasão uma coruja, não deixará de ser interessante recordar que Minerva, segundo o mito grego, deu aos homens a oliveira e que a coruja lhe era consagrada. O método utilizado pelo gemmarius scalptor para gravar um motivo numa pedra de anel, usado como sinete, era simples. Bastava uma pequena broca manual equipada com um minúsculo disco de cobre, pó de esmeril, óleo e bons olhos e mão segura para gravar a figura escolhida com vários golpes na pedra.
Bibliografia
MANTAS, Vasco Gil – “Os romanos na região de Coruche”, in CALAIS, Cristina (coord.) – Coruche: o Céu, a Terra e os Homens (catálogo da exposição), Coruche: Câmara Municipal / Museu Municipal, 2003, p. 57. Online